A pátria amada feriu.
Mais que mãe gentil, mulher de saltos, sobressaltos.
Tem na láuria acadêmica, sua triste condena.
Autor, co-autor, mutualidade, flagelos tão sinceros de nós dois.
Auto punitivos, ingratos.
Mas se há amor, que sigam os fatos.
Idiomáticos, catedráticos, fascinantes.
Calamos
Calúnia
Luxúria
Penúria
Não há culpados
Não há certeza
Do teu reinado
A realeza
Enfim, restam os cacos.
Milhares, esparramados como alvo abatido.
Triste, ferido.
Com projétil choroso, anunciando desfecho.
Charmoso, por vezes deselegante.
Interminável como meus beijos, esparso como meu respirar.
E se vai a alma
E se vão os planos
E se vai a paz
E se vão os anos
E se vem amor
E se vai calor
E sem tem libido
E se vai castigo
E se vai a terra
E se vai com ela
E se for Natal
E ser for igual
E se vai Rio Grande
E se vem Bahia
E se vai condena
E se sai da linha
Do prumo
Das dores
Que carregam
Sabores
Insípida
Soborosa
Quando me vê
Toda prosa
Te quero curando-me
Minhas aleijaduras barrocas
Minhas desculpas roucas
Minhas vontades loucas
E se vou ao norte,
macho.
E se vai milico,
marcho.
E se for Bahia,
clamo.
E se vai terrinha,
amo.
E se for boa terra
E se for sincera
E se for amor
E se tiver sabor
Peça a Deus com ardor.
Voluntária da Pátria.
Travessia impura, pecaminosa.
Azeite, azar, aceite, amar.
Amor dendê, que rompe irís, cega homem, mata ibís.
Pernalta, pescoçudo.
Dizia que amava, absurdo.
Bico fechado
Coração aberto
Um negócio mal feito
jogo certo
Objecto de venereção religiosa.
Voa
Vai
Vive
Cai
Sofre
Canta
Reza
Vai
Faz
Ama
Lena
Trai
Tuas próprias dúvidas, teus muitos sabores.
Cria
Recria
Desfaz
Refaz
Constrói
Destrói
Um par
Um lar
Uma chance
Uma vida
Um lance
Uma Nina
Um amor
Uma paixão
Uma certeza
Uma razão
Não é Bahia de todos os santos.
Mas tem santa Lethea.
Por isso, só por isso, meu coração sofre.
Baiana é aquela que entra no samba de qualquer maneira.
Mexe, remexe, dá nó nas cadeiras.
E na minha cabeça.
Sem articular
Sem articulações
Sem vida
Sem verões
Ou cem verões
Ou mil invernos
O triste feito
Dos homens cegos
Resposta ao alegretense Mario de Miranda Quintana:
sinfonia da medicina laboral nos plantões da minha vida.
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Um comentário:
Marcelo,
Acompanho cada poema postado em seu blog. Este difere e muito dos demais. Talvez feito no calor de alguma emoção. Talvez ocorreu a ruptura do estilo anterior e ocorreu entrega total ao dadaísmo.Visivelmente notei que desconstroi as palavras e decompõe os sentimentos.Não sou critica literária, mas como leitora de tudo que escreveu até então, externo minha sincera, e sempre sincera opinião.
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