domingo, 9 de março de 2008

Resenha Crítica

Escola Superior de Propaganda & Marketing

Linguagem III
Turma: CSONIIIA
Docente: Eveli Seganfredo
Discente: Marcelo Petter de Vargas

Resenha Crítica do Artigo Acadêmico
Che Guevara: o consumo do mito, Capitalismo, sociedade de consumo e cultura de mídia

Luciana Matos (jan/jun 2007) sob orientação da Professora Adriana Kurtz

Che Guevara: a Mídia e o consumo do Mito
A amplitude do pacto capitalista em nossa cultura


Sumário

1. Introdução
2. Descrição
3. Objetivo
4. Corpo textual
5. Apreciação
6. Considerações
7. Referências bibliográficas

Introdução

A resenha a seguir provém do artigo publicado na revistada Think - Caderno de Artigos e Casos da ESPM-RS pela Bacharela em Comunicação Social, com Habilitação em Publicidade e Propaganda, Luciana Matos, que teve em sua coordenação e apoio técnico a presença da Professora dos Cursos de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda & Design da ESPM-RS; Doutora em “Comunicação e Informação” pela UFRGS, Adriana Schryver Kurtz. Nesta dissertação, inicialmente, de forma pontual e crítica, a autora pondera sobre o personagem histórico Ernesto Che Guevara, sua trajetória como ícone social que participou, ativamente, dos movimentos revolucionários comunistas das décadas de 50 e 60, erguendo as bandeiras do Marxismo e Leninismo e tornando-se referência internacional no debate franco entre as contraculturas daquela época. Ainda, nos tópicos estruturais, tenta mostrar como a sociedade moderna cultiva os mitos de forma desenfreada, capitalista e por que não dizer, “non sense”. Para tanto, se apropria da imagem de Che para justificar os recortes de uma coletividade adepta ao consumismo banal de seus próprios organismos culturais.

Descrição

Ancorada pelo tripé; Capitalismo, sociedade de consumo e cultura da mídia, a autora preocupa-se em refazer a imagem paradigmática de um homem que tremulava, onde estivesse às flâmulas de um ideal revolucionário. Tal raciocínio tenta mostrar e contra posicionar estes aspectos com a realidade capitalista em que vivemos. Ou seja, a sociedade que vive cada vez menos sob o manto das crenças, se apóia nos pilares ideológicos de sobrevivência e busca impulsionar-se através dos meios de comunicação de massa é o mesmo conglomerado humano capaz de cultuar um ícone, bem como descartá-lo quando lhe for conveniente. Numa etapa secundária, a autora afirma por meio de outras citações que este arquétipo social que passou a consumir com olhos voltados ao desejo de consumo, é o mesmo com que Che costumava perseguir em seus inflamados discursos contra os meios capitalistas de produção e consumo.

Objetivo

A partir dos questionamentos propostos, este trabalho tem por objetivo analisar em que proporção os mecanismos midiáticos, assim como a publicidade, se apropriam da imagem de Che Guevara e quais suas funções no sistema Capitalista. Para tanto, foram individualizados os seguintes aspectos relativos à vida deste ícone: biografia, revisão e análise dos contextos políticos de sua época, até seu falecimento - além de estabelecer as relações entre os conceitos desenvolvidos, tais como Capitalismo, cultura de mídia & sociedade de consumo, exemplificando, de forma pertinente, como se dá o uso da imagem de Che pela publicidade, classificando os produtos culturais e a imagem criada em torno do mito.

Corpo Textual

Um guerrilheiro, um ícone - uma vítima do Capitalismo

Conforme Castañeda (1997 / 2006), em seu livro Che Guevara - A Vida em Vermelho; “Ernesto Che Guevara, desde a vitória da Revolução Cubana, vem ganhando versões das mais variadas. Ele pode ser a encarnação do guerrilheiro idealista e incansável, um simples fanático da violência, voluntário e autoritário, ou um ídolo popular, cuja face foi e vem sendo reproduzida à exaustão em camisetas, pôsteres, entre outras manufaturas”. E, com base na apropriação da imagem deste ícone num mundo abarrotado de itens comercializados de forma supérfula, traço um paralelo envolvendo o personagem discutido x o impacto do sistema Capitalista e a forma pactuada com que este rege direta ou indiretamente as nossas ações e ambições, tanto pessoais como comerciais. Mas antes, adentraremos um pouco mais na trajetória deste argentino, natural de Rosário do Sul.

Che, assim como muitas crianças pobres, filhas de uma Argentina vinda de várias crises populares e mesmo perseguido por um processo asmático perpétuo, conseguiu lograr certo êxito quando se transladou para a capital federal. Aos 17 anos, pensando em profissionalizar-se, decide estudar Medicina em Buenos Aires. Neste meio período, conheceu Alberto Granado, amigo e companheiro na viagem de moto pelo continente Latino Americano. Nesta aventura, Che e Alberto, desvendam a fundo às localidades visitadas, tratando de conhecê-las além dos seus habitantes. Ou seja, suas condições de vida, história e a geografia de países como Peru, Bolívia, Guatemala e México.

O olhar crítico de Ernesto, aliado a vontade intermitente de lutar contra a opressão do massacrante sistema Capitalista frente à desqualificação intelectual das zonas periféricas latinas, fez com que absorvesse o criticismo destas sociedades assoladas pela pobreza. Deste entendimento, criaram-se as bases que servem de sustento, até hoje, a doutrina Socialista existente em Cuba.

Foi em Cuba que este protagonista foi apresentado a Fidel Castro, formador de opinião e homem forte de um movimento de guerrilha que, tempos depois, tomou a ilha em seu poder. De lá para cá, impôs as regras fidelistas sob a égide do Socialismo.

Che Guevara, no alto de sua entrega ao regime Socialista, esteve presente no fronte militar, apoiando a luta armada e pondo a disposição seus conhecimentos médicos. Esta abnegação, fez dele muito mais do que um soldado ou companheiro, fez dele um ícone da esquerda e um subproduto da moderna sociedade Capitalista.

Segundo as palavras da especialista na iconografia de Che, Trisha Ziff, Guevara virou uma marca. E o logotipo da marca é essa imagem, que representa mudança. “Ele se tornou o ícone do pensamento independente, seja no nível que for: anti-guerra, pró-verde ou antiglobalização”. Ora, a apreciação da autora é marcante, corroborando com o panorama central do texto e justificando as contra culturas, com coerência, precisão e visão mercadológica atualizada.

Apreciação

É inegável que Che, como ícone, foi e ainda é, um personagem marcante e consagrado que transita, ora no ideal marxista e revolucionário, ora no imaginário dos contrários que, na maioria das vezes, postulam a detenção dos meios de produção. Esta constante utilização da imagem de Che Guevara como ícone está prestes a sofrer um forte processo de desgaste, pois esta retratação, dia após dia, está banalizando e desgastando a figura que outrora foi apenas um símbolo da bravura e entrega de um revolucionário. Numa hipótese central, afirmamos que toda esta esfera ideológica se dá por meio de uma relação pactuada entre os que simpatizam com o sistema Capitalista e os que não, pois o objetivo do mercado é transformar um personagem forte, seja ele qualquer, em cifras. Em outras palavras, forçando uma apreciação pelo símbolo e não pelo conteúdo. Desta forma, concordamos com os pareceres expostos no artigo resenhado, a fim de propor uma nova óptica sobre uma velha imagem.

Considerações

Em virtude das relevâncias abordadas, é proveitoso concluir que há uma tendência natural da comercialização de qualquer ícone, seja ele meteórico ou difundido. Sabe-se, também, que o tempo de maturação e de consagração nem sempre é ditado pelo mercado, concluindo que de nada adiantaria todo o esforço mercadológico se não houvesse uma bela história por trás.

Referências Bibliográficas

Foram citadas e defendidas as seguintes referências bibliográficas, ambas em consonância com o posicionamento deste trabalho:

Castañeda, (1997 / 2006) em seu livro Che Guevara - A Vida em Vermelho ISBN: 8535907831 (1997 / 2006); Editora: CIA DAS LETRAS - 696 páginas.

“Ernesto Che Guevara, desde a vitória da Revolução Cubana, vem ganhando versões das mais variadas. Ele pode ser a encarnação do guerrilheiro idealista e incansável, um simples fanático da violência, voluntário e autoritário, ou um ídolo popular, cuja face foi e vem sendo reproduzida à exaustão em camisetas, pôsteres, entre outras manufaturas”.

Ziff Trisha - Curadora de uma exibição itinerante sobre a iconografia de Che.

"Che Guevara virou uma marca. E o logotipo da marca é essa imagem, que representa mudança. Ela se tornou o ícone do pensamento independente, seja no nível que for - anti-guerra, pró-verde ou antiglobalização".
http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2007/10/07/ult4909u858.jhtm
Acessado em 18 de outubro de 2007.

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