sábado, 29 de março de 2008

Parodiando | Poética de Manuel Bandeira

O Anti-romântico

Estou farto do romantismo cego.
Da cantada banal, bem comportada.

Da jura que se faz presente, no assinar do expediente,
que abala o coração da gente e nunca tarda em chegar.

Estou farto do romântico plagista, senhor ilusionista, verdadeiro piadista, a cada beijo roubado.

Abaixo aos românticos.

Todas as palavras, sobretudo as que iludem.
Todas as construções, sobretudo as de açúcar.
Todos os tipos, sobretudo os fajutos.

Estou farto do falso namorador.

Melindroso charmoso.
Mentiroso odioso.
Gala, titã.

De todo o romântico que intitula a ele mesmo.

Do resto, não há saudade. Será contabilidade listada em cartas perfumadas, de amante exemplar.Com todos os tipos de rotas e fugas e as diferentes formas de ludibriar e enganar.

Quero antes o romantismo dos mortos.
A rudeza dos porcos.
O manifesto dos contrários,
que vivem dos hilários,
contos dos vigários.

Não quero mais saber do romantismo que não seja pela contramão.

Óleo, sal e limão.
A melhor combinação,
no meu coração.

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